O mundo é meu!
Carro depende de gente. Sozinho não anda. Mas de gente e de gasolina.
Só gente não chega. Se ninguém nos encher o tanque, se não nos derem óleo, se não tiverem uma porção de infinitos cuidados conosco, não adianta beleza. Todo mundo sabe disso. Eu já sabia também.
Tenho rodas, não patas.
Foi com alegria que vi alguém pegando a mangueira e me enchendo o tanque. Era o meu sangue.
Um cara qualquer dava instruções ao meu cabeludo – que eu achava o maior homem do mundo – orientando-o sobre os primeiros cuidados que devia ter comigo: de quanto em quanto tempo devia trocar o óleo, qual a velocidade que devia observar no amaciamento, conselhos assim.
- Carro é como namorada – disse o vendedor. – Exige carinho... Cuide bem da sua...
- Deixe por minha conta – disse o rapaz muito feliz.
Sentou-se, ligou a partida, esperou que eu desse meu sinal de vida e saiu.
Lá fomos nós a conquista do mundo...
Orígenes Lessa ( in memória de um fusca)
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