Esta lenda conta que, há muitos e muitos anos, uma tribo dos índios “Guarani” estava de partida. Como era costume, depois de derrubar um pedaço de mata, plantavam a mandioca, o milho e outras plantas e quando a terra se exauria, partiam em busca de outros lugares.
Todos se sentiam tristes, apesar das palavras animadoras do cacique e das previsões do pajé.
Lentamente, em procissão, os índios foram deixando a antiga aldeia onde tinham vivido tantos anos.
Todos se sentiam tristes, apesar das palavras animadoras do cacique e das previsões do pajé.
Lentamente, em procissão, os índios foram deixando a antiga aldeia onde tinham vivido tantos anos.
Cansado de tais andanças, um índio, já mui velho, recusou-se a seguir adiante e preferiu ficar na tapera. A mais jovem de suas filhas, a bela Jary, sem coragem de abandoná-lo, preferiu renunciar à segurança da tribo e a companhia dos mais jovens para permanecer junto ao pai, que insistira inutilmente com a filha para que fosse com os outros.
Os dois continuaram a viver na aldeia abandonada. Com muito sacrifício juntavam lenha, coletavam frutos, plantavam e limpavam o local, onde o mato, adivinhando a fraqueza da moça, parecia resolvido a retomar o que fora seu. Até as onças, que antes não se aproximavam, temendo a flecha dos guerreiros, andavam urrando cada vez mais perto. A noite era cheia de sobressaltos e o dia, vazio de esperanças.
Os meses foram passando e, numa triste tarde de inverno, surgiu um desconhecido que se aproximando do velho índio falou:
- Venho de longe e há dias que ando sem parar. Estou cansado e queria repousar um pouco. Poderia arranjar-me uma rede e algo para comer?
Os dois continuaram a viver na aldeia abandonada. Com muito sacrifício juntavam lenha, coletavam frutos, plantavam e limpavam o local, onde o mato, adivinhando a fraqueza da moça, parecia resolvido a retomar o que fora seu. Até as onças, que antes não se aproximavam, temendo a flecha dos guerreiros, andavam urrando cada vez mais perto. A noite era cheia de sobressaltos e o dia, vazio de esperanças.
Os meses foram passando e, numa triste tarde de inverno, surgiu um desconhecido que se aproximando do velho índio falou:
- Venho de longe e há dias que ando sem parar. Estou cansado e queria repousar um pouco. Poderia arranjar-me uma rede e algo para comer?
O velho lembrou-se que a comida era escassa, mas não pode recusar, chamou a filha e pediu que preparasse algo para o viajante comer. Jary acendeu o fogo e preparou tudo o que havia de comer, embora soubesse que não seria fácil conseguir mais. O estranho comeu com apetite e logo depois dormiu na rede emprestada pelo índio.
Logo cedo, o velho índio encontrou o homem cortando lenha. Pediu-lhe que parasse, pois era um hóspede, mas o homem respondeu que já estava bem descansado e gostaria de ajudar, também.
Terminou de cortar a lenha e seguiu em direção à floresta. Horas depois, retornou com várias caças. O velho não sabia o que dizer.
- Vocês merecem muito mais! - exclamou o homem. Trataram-me com toda a hospitalidade, dando-me tudo o que possuíam!
Depois ele confessou que era um enviado de Tupã, e estava preocupado com a sorte dos dois.
- Pela bondade de vocês, merecem receber tudo o que desejarem.
O velho animou-se:
- Posso pedir mesmo?
- Claro! Diga o que deseja!
- Queria ter um amigo que me fizesse companhia até que meus dias acabassem. Assim, Jary poderia alcançar nossa tribo e ser feliz. Se ao menos eu tivesse mais forças! Poderia ficar sozinho. Ela não quer deixar-me, porque sabe que eu não sobreviveria.
- Vou arranjar-lhe um amigo, prometeu o mensageiro. Um amigo que lhe dará alegria e forças para o resto de seus dias.
Entregou-lhe então uma planta muito verde, perfumada, e ensinou que ele plantasse, colhesse as folhas, secasse ao fogo, triturasse, botasse os pedacinhos num porongo, acrescenta-se água quente ou fria e sorvesse essa infusão.
Terminou de cortar a lenha e seguiu em direção à floresta. Horas depois, retornou com várias caças. O velho não sabia o que dizer.
- Vocês merecem muito mais! - exclamou o homem. Trataram-me com toda a hospitalidade, dando-me tudo o que possuíam!
Depois ele confessou que era um enviado de Tupã, e estava preocupado com a sorte dos dois.
- Pela bondade de vocês, merecem receber tudo o que desejarem.
O velho animou-se:
- Posso pedir mesmo?
- Claro! Diga o que deseja!
- Queria ter um amigo que me fizesse companhia até que meus dias acabassem. Assim, Jary poderia alcançar nossa tribo e ser feliz. Se ao menos eu tivesse mais forças! Poderia ficar sozinho. Ela não quer deixar-me, porque sabe que eu não sobreviveria.
- Vou arranjar-lhe um amigo, prometeu o mensageiro. Um amigo que lhe dará alegria e forças para o resto de seus dias.
Entregou-lhe então uma planta muito verde, perfumada, e ensinou que ele plantasse, colhesse as folhas, secasse ao fogo, triturasse, botasse os pedacinhos num porongo, acrescenta-se água quente ou fria e sorvesse essa infusão.
- Terás nessa bebida uma nova companhia saudável, mesmo nas horas tristonhas da mais cruel solidão, as forças lhe voltarão e poderá trabalhar e caçar o quanto quiser. Sua filha, se desejar, poderá ir ao encontro da tribo. Jary disse que preferia ficar na companhia do pai. Não poderia ser feliz em sua tribo, se o deixasse só.
O enviado de Tupã sorriu, emocionado:
- Por ser tão boa filha, você merece uma recompensa. A partir de agora, você é Caá-Jary, a deusa protetora dos ervais. Cuidará para que o mate jamais deixe de existir e fará com que todos o conheçam e bebam, para ficarem fortes e felizes.
Em seguida, o homem partiu.
- Por ser tão boa filha, você merece uma recompensa. A partir de agora, você é Caá-Jary, a deusa protetora dos ervais. Cuidará para que o mate jamais deixe de existir e fará com que todos o conheçam e bebam, para ficarem fortes e felizes.
Em seguida, o homem partiu.
Tinha dito a verdade, depois de crescidas as plantas, o velho guerreiro seguiu os ensinamentos, e sorvendo a verde seiva recuperou as forças perdidas e pode empreender a longa viajem até o reencontro com seus. Foram recebidos com a maior alegria.
E a tribo toda adotou o costume de beber a infusão da erva amarga e gostosa que dava força e coragem e confortava nas horas de solidão.
Dela resultou a bebida caá-y que os brancos mais tarde adotaram com o nome de chimarrão.
E a tribo toda adotou o costume de beber a infusão da erva amarga e gostosa que dava força e coragem e confortava nas horas de solidão.
Dela resultou a bebida caá-y que os brancos mais tarde adotaram com o nome de chimarrão.
Etimologia
O espanhol preferiu usar a pronuncia mate, da língua quíchua, e que se ajusta melhor à modalidade grave do idioma. A palavra quíchua mati era a designação da cuia. Substituiu a palavra guarani caiguá, nome composto de caá (erva), i (água) e guá (recipiente), que significa: recipiente para a água da erva.
O espanhol preferiu usar a pronuncia mate, da língua quíchua, e que se ajusta melhor à modalidade grave do idioma. A palavra quíchua mati era a designação da cuia. Substituiu a palavra guarani caiguá, nome composto de caá (erva), i (água) e guá (recipiente), que significa: recipiente para a água da erva.
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