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Desenvolvo este blog para que as colegas possam aproveitar as atividades aqui contidas na sua prática pedagógica diária. Muitas são de minha autoria, outras tantas retirei no Grupo Professores Solidários, Internet e de outras fontes.

Atualmente, aproveito ótimas atividades que colegas postam no grupo "Educando e Aprendendo" que fundei juntamente com Flávia Cárias e Sheila Mendes, para ser mais um veículo de comunicação para quem se dedica à importante Arte de Educar.

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Beijão da Tia Paula

segunda-feira, 2 de maio de 2011

A LENDA DO CHIMARRÃO - Adaptação de Gladis Maria Pippi para palestra sobre a Cultura Missioneira – Santa Maria – 2004



Esta lenda conta que, há muitos e muitos anos, uma tribo dos índios “Guarani” estava de partida. Como era costume, depois de derrubar um pedaço de mata, plantavam a mandioca, o milho e outras plantas e quando a terra se exauria, partiam em busca de outros lugares.
Todos se sentiam tristes, apesar das palavras animadoras do cacique e das previsões do pajé.
Lentamente, em procissão, os índios foram deixando a antiga aldeia onde tinham vivido tantos anos.
Cansado de tais andanças, um índio, já mui velho, recusou-se a seguir adiante e preferiu ficar na tapera. A mais jovem de suas filhas, a bela Jary, sem coragem de abandoná-lo, preferiu renunciar à segurança da tribo e a companhia dos mais jovens para permanecer junto ao pai, que insistira inutilmente com a filha para que fosse com os outros.
Os dois continuaram a viver na aldeia abandonada. Com muito sacrifício juntavam lenha, coletavam frutos, plantavam e limpavam o local, onde o mato, adivinhando a fraqueza da moça, parecia resolvido a retomar o que fora seu. Até as onças, que antes não se aproximavam, temendo a flecha dos guerreiros, andavam urrando cada vez mais perto. A noite era cheia de sobressaltos e o dia, vazio de esperanças.
Os meses foram passando e, numa triste tarde de inverno, surgiu um desconhecido que se aproximando do velho índio falou:
- Venho de longe e há dias que ando sem parar. Estou cansado e queria repousar um pouco. Poderia arranjar-me uma rede e algo para comer?
O velho lembrou-se que a comida era escassa, mas não pode recusar, chamou a filha e pediu que preparasse algo para o viajante comer. Jary acendeu o fogo e preparou tudo o que havia de comer, embora soubesse que não seria fácil conseguir mais. O estranho comeu com apetite e logo depois dormiu na rede emprestada pelo índio.
Logo cedo, o velho índio encontrou o homem cortando lenha. Pediu-lhe que parasse, pois era um hóspede, mas o homem respondeu que já estava bem descansado e gostaria de ajudar, também.
Terminou de cortar a lenha e seguiu em direção à floresta. Horas depois, retornou com várias caças. O velho não sabia o que dizer.
- Vocês merecem muito mais! - exclamou o homem. Trataram-me com toda a hospitalidade, dando-me tudo o que possuíam!
Depois ele confessou que era um enviado de Tupã, e estava preocupado com a sorte dos dois.
- Pela bondade de vocês, merecem receber tudo o que desejarem.
O velho animou-se:
- Posso pedir mesmo?
- Claro! Diga o que deseja!
- Queria ter um amigo que me fizesse companhia até que meus dias acabassem. Assim, Jary poderia alcançar nossa tribo e ser feliz. Se ao menos eu tivesse mais forças! Poderia ficar sozinho. Ela não quer deixar-me, porque sabe que eu não sobreviveria.
- Vou arranjar-lhe um amigo, prometeu o mensageiro. Um amigo que lhe dará alegria e forças para o resto de seus dias.
Entregou-lhe então uma planta muito verde, perfumada, e ensinou que ele plantasse, colhesse as folhas, secasse ao fogo, triturasse, botasse os pedacinhos num porongo, acrescenta-se água quente ou fria e sorvesse essa infusão.
- Terás nessa bebida uma nova companhia saudável, mesmo nas horas tristonhas da mais cruel solidão, as forças lhe voltarão e poderá trabalhar e caçar o quanto quiser. Sua filha, se desejar, poderá ir ao encontro da tribo. Jary disse que preferia ficar na companhia do pai. Não poderia ser feliz em sua tribo, se o deixasse só.
O enviado de Tupã sorriu, emocionado:
- Por ser tão boa filha, você merece uma recompensa. A partir de agora, você é Caá-Jary, a deusa protetora dos ervais. Cuidará para que o mate jamais deixe de existir e fará com que todos o conheçam e bebam, para ficarem fortes e felizes.
Em seguida, o homem partiu.
Tinha dito a verdade, depois de crescidas as plantas, o velho guerreiro seguiu os ensinamentos, e sorvendo a verde seiva recuperou as forças perdidas e pode empreender a longa viajem até o reencontro com seus. Foram recebidos com a maior alegria.
E a tribo toda adotou o costume de beber a infusão da erva amarga e gostosa que dava força e coragem e confortava nas horas de solidão.
Dela resultou a bebida caá-y que os brancos mais tarde adotaram com o nome de chimarrão.
Etimologia
O espanhol preferiu usar a pronuncia mate, da língua quíchua, e que se ajusta melhor à modalidade grave do idioma. A palavra quíchua mati era a designação da cuia. Substituiu a palavra guarani caiguá, nome composto de caá (erva), i (água) e guá (recipiente), que significa: recipiente para a água da erva.

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